segunda-feira, 22 de outubro de 2012

                                     Cidadezinha




 Ainda não entendia, viver num mundo de estranhos, é assustador, ás vezes tenho saudades da minha cidadezinha do interior, tão distante e, tão estranha, aos domingos deserta, as segundas vaga, mas minha, só minha.
 Talvez eu sempre vá ser aquela garotinha tímida, mais com tantas idéias, que faz a cidadezinha te expulsar do seu convívio, talvez seja eu a garota que é maior do que a cidadezinha pensou que fosse capaz de suportar, talvez eu tenha que partir, encontrar um lugar onde a cidadezinha não possa me encontrar.
  Tudo o que aprendi esta na cidadezinha, então como sair de lá? Aprender a ficar longe da cidadezinha dói, machuca, mas ela não me quer mais, a cidadezinha agora escolhe os seus inquilinos, e eu sou só mais uma caipirinha sonhadora, acho que sonho demais, talvez também sinta demais, talvez a cidadezinha não tenha sonhos para mim !!

De uma pessoa que não vive mais na cidadezinha. 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Memórias de outono

                             Memórias de outono






 Você estava tomando cappuccino quando te vi pela ultima vez, seu olhar era feliz, e seu sorriso refletia as mais lindas memórias, suas roupas eram claras, e seu velho bloquinho de poesias ainda estava com aquela mancha vinho que eu provoquei, todos sabem que eu sou fraca quando o assunto é bebida.
  Agora é primavera, as flores de cerejeira estão radiantes, os pássaros voltaram a cantar, e as pessoas estão mais felizes, e eu continuo a lhe observar, de longe, e com medo de ser notada entro numa livraria underground com vidros pichados de tinta azul, e com meus óculos vintage vermelhos continuo minha observação.
  Alguns minutos se passam e você está provavelmente escrevendo outro dos seus lindos poemas sobre amor, e bate saudade da época que eles eram dedicados a mim, tenho saudades de te beijar todas as vezes que você os lia, olhava no fundo dos meus olhos e dizia, eu te amo, depois disso nós passávamos o resto da noite enrolados nos lençóis de seda que sua mãe nos dera de presente de casamento.
 Fico parada, não consigo reagir, é como se tudo o que vivemos tivesse sido levado para longe como uma terrível tempestade faz no verão, aliás foi no verão que tivemos nossa última discussão, elas já eram frequentas aquela altura dos nossos longos 2 anos juntos, era como se viver com você fosse meu maior sonho, e meu pior pesadelo.
 Então numa terça-feira nublada de outono você se foi, me deixou sozinha com nossos três sofás, e um suéter verde esquecido por você que eu guardo até hoje esperando que venha buscar, mais ao mesmo tempo desejando que isso nunca aconteça, pois o perfume amadeirado com toques de menta que você tanto usa ainda está presente nele. As lagrimas já estão aparentes em minha face, mas isso não importa mais, não tem ninguém para vê las escorrerem, por um momento insisto em terminar meu café, mais não consigo, sinto dor e uma terrível sensação de que poderia ter dado certo, quer dizer eramos tão jovens quando nos conhecemos, deveríamos nós ter insistido, mas agora meu tempo acabou.
 Uma mulher de repente toma conta de minha visão, uma linda mulher, seus olhos são tão azuis quanto o céu num dia de calor, e seus cabelos negros como a noite, seu sorriso se parece com o meu, quando ainda tinha você ao meu lado, ela te abraça, levo um segundo para descobrir o anel na sua mão direita, noivos. A enorme livraria começa e desaparecer em minha cabeça, só consigo enxergar um vazio, meu corpo pede por overdose, e minha garganta só quer que alguém desfaça o nó que está tão bem feito que parece que nunca irá se desfazer, tenho que ir, buscar alguma forma de diminuir essa dor no peito. Não sou tão discreta, e na saída do meu esconderijo/livraria você me avista, seu estado de humor muda de repente, e num passe de mágica descubro que ficarei bem.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Livre!



  Liberdade é relativa, quando somos jovens é a única coisa pela qual se vale a pena lutar, sair da casa dos pais, ser livre, só seu, de mais ninguém, aí vem um tal de amor, que faz as pessoas perderem a noção, e quererem ser de alguém, então todo o sacrifício para liberdade vai embora, até o amor acabar e não restar mais nada a não ser a solidão, e de novo a liberdade.
  Então a tal liberdade não é mais novidade, fica chata, igual um brinquedo velho que todo ano é substituído no natal por um novo brinquedo, novo e perfeito. É quando os amigos surgem, eles não são mais como os velhos amigos, aqueles da escola, com sonhos tão diferentes dos seus, ou até nenhum sonho, alguns desses velhos amigos nem sequer realizaram tudo o que queriam,e se perderam no meio do caminho, mais isso não importa, pois você nem os conhece mais, deixaram de fazer contato há anos, no tempo em que a faculdade lha era mais interessante, e que aquele garoto legal do curso de jornalismo citava desde Shakespeare até poemas desconhecidos de algum poeta tão brilhante quanto tudo o que você já viu.
  Um tempo depois vocês se casam, conhecem alguns lugares fantásticos e de repente surgem os filhos, você os cria com todo o seu amor e torce para que como você eles aproveitem a juventude, seus filhos crescem e numa segunda feira solitária, enquanto seu esposo folheia o jornal, como de costume você percebe que sempre quis ser cantora, o que a liberdade nunca permitiu ser.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Do ultimo ao primeiro

                                           Do último o primeiro  





Não da pra voltar, queria reviver aquele beijo somente mais uma vez, o seu rosto perto do meu, sua respiração, as minhas pernas tremulas, só por mais uma vez reviver um momento que infelizmente não pode voltar. Queria ver o seu sorriso, queria falar com você, contar como estou, pedir para nunca se afastar.
 Sinto muito a sua falta, uma falta que dói, eu tento esconder de mim mesma essa falta, mais ela está comigo todos os dias, desde aquele ultimo beijo cheio de promessas vazias, e eu que pensei que você estava sendo sincero, sou uma burra mesmo, ser enganada duas vezes!?
 Independente de tudo, me diga porque você fez tudo isso? Custava apenas não ter aparecido aquele dia? Ou melhor nunca nem ter se aproximado de novo! Mais uma vez, EU SINTO MUITO, sinto muito a sua falta, seu beijo, sua voz que agora está meio irreconhecível, seus olhos que sempre vão ser os mesmos, queria voltar naquele dia e fazer daquele ultimo beijo o primeiro! 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Moiteza

                                                        Moiteza  



 Hoje olhei no fundo dos meus olhos, tentei buscar algo que nem ao mesmo sabia o que era, e para a minha surpresa não encontrei nada. Era como se tudo de bom que já esteve dentro do meu coração tivesse sumido, não encontrava sentimentos, nem mesmo raiva, o medo estava distante, não haviam amigos, somente arrogância, sinto saudade dos amigos!
  Quando era criança me lembro das tardes com eles, das brincadeiras, e até mesmo da manhã de uma época em que acordar cedo não era o meu maior pesadelo, hoje em dia estou na solidão, tudo é tão escuro, eu fiz da noite a minha companheira, parece que nunca vai amanhecer dentro da minha alma.
  Viver sozinha antes era uma meta, hoje é meu tormento, agora sou somente um observador da vida, deixo ela passar e nem sequer em um abraço sinto o seu calor, as lagrimas não escorrem pelos meus olhos, porque simplesmente não consigo mais chorar, os sentimentos foram embora, junto da minha moiteza .